REFORMA DO ENSINO MÉDIO – POR QUE SOMOS CONTRA?
Nós, da TLS - Trabalhadoras e Trabalhadores na Luta Socialista, uma organização sindical que luta pelos direitos dos trabalhadores e atua na educação, somos contrários à reforma do ensino médio. Saiba porque:
20 jan 2022, 11:03 Tempo de leitura: 3 minutos, 49 segundosNós, da TLS – Trabalhadoras e Trabalhadores na Luta Socialista, uma organização sindical que luta pelos direitos dos trabalhadores e atua na educação, somos contrários à reforma do ensino médio, bem como à sua aplicação em São Paulo (denominada “Novo Ensino Médio”) principalmente (mas não exclusivamente) pelos motivos a seguir:
Especialização precoce:
O ensino médio, como componente da educação básica, deveria oferecer uma formação ampla e integral para que o estudante possa se desenvolver como cidadão, profissional e sujeito autônomo. Mas a reforma do Ensino Médio exige que estudantes na faixa dos 14 a 15 anos escolham o itinerário formativo que seguirão dali em diante, especializando-se entre ciências exatas, humanas, biológicas ou linguagens. As escolas brasileiras não estão adaptadas para que nessa idade o adolescente possua maturidade acadêmica e intelectual suficientes para conhecer corretamente o que são essas áreas amplas do conhecimento, muito menos para escolher seguramente em qual delas gostaria de se especializar, considerando afinidades pessoais, habilidades, perspectivas profissionais, etc. Os defensores da reforma alegam que os itinerários dão maior “autonomia” e “liberdade” para o jovem. Mas, sem que ele esteja devidamente formado para tomar essa decisão, a medida converte-se no seu oposto: retira a liberdade do aluno de tomar contato com diversas áreas do conhecimento.
Empobrecimento do currículo:
Na prática, as únicas disciplinas que restam como obrigatórias para todos os anos do Ensino Médio em quaisquer itinerários formativos são Língua Portuguesa e Matemática. As escolas não são obrigadas a ofertar especificamente nenhuma das demais disciplinas. Considerando a precariedade da educação pública no Estado de São Paulo, sabemos que o mínimo torna-se o máximo, isto é, é previsível que as escolas ofereçam apenas Português e Matemática, eliminando a riqueza que havia no currículo do Ensino Médio até então. Além disso, a reforma dá liberdade para que o sistema de ensino crie disciplinas mais específicas de acordo com o itinerário formativo, como “finanças domésticas”, “empreendedorismo”, etc. O que à primeira vista pode parecer a oportunidade de criar um currículo mais diverso e flexível, na verdade, é a brecha para que as escolas contratem praticamente qualquer profissional para dar aulas, mesmo sem nenhuma experiência ou formação na educação. O interesse por parte dos governos por trás dessas medidas é livrar-se da necessidade de contratar professores especialistas.
Profissionalização precoce e o fim do ensino médio:
Um dos principais marcadores de desigualdade social é o tempo dedicado exclusivamente aos estudos. Quanto mais tempo um indivíduo passa dedicando-se exclusivamente aos estudos antes de adentrar o mercado de trabalho, maior a sua qualificação e, por conseguinte, maior a sua renda futuramente. Historicamente, a classe média e a classe alta aumentaram progressivamente o tempo de formação de seus filhos para diferenciá-los dos jovens mais pobres, que precisam começar a trabalhar mais cedo para ajudar as famílias. Nesse sentido, a obrigatoriedade e universalização do ensino médio foi algo que a elite nacional não aceitou bem, pois elevou o patamar mínimo de formação. A reforma do ensino médio vem justamente para tirar os adolescentes pobres das escolas e jogá-los de volta para o mercado de trabalho. Pois estabelece que “estágios” profissionais (mal) remunerados possam contar como carga horária no cumprimento do ensino médio.
Exclusão e a farsa da “escola integral”:
A nova carga horária imposta pela reforma do ensino médio praticamente obriga que as escolas adotem o período integral. Mas, para implementá-lo, as escolas precisam passar por uma reestruturação que não está acontecendo. Com horário de aulas maior e estrutura igual, muitas escolas estão fechando turmas, sobretudo no período noturno. Os estudantes desse período, que geralmente são os mais vulneráveis porque frequentam o horário para poder trabalhar no restante do dia, estão ficando sem ter como estudar. Além disso, tem ocorrido superlotação de salas. Sem falar que “educação integral” não se faz simplesmente aumentando a carga horária, mas oferecendo formação ampla, o que não ocorre, como apontado anteriormente.
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