Por Todas Nós – Mulheres Pelo Fim da Violência!
Violência doméstica, assédio sexual, abuso de meninas e mulheres, violência psicológica, violência simbólica, violência obstétrica, violência patrimonial, marginalização, desemprego, salários reduzidos e feminicídio. Todas essas são tristes facetas da mesma realidade: Uma sociedade fundada sobre o Patriarcado e a Violência de Gênero.
É muito recente na nossa história a existência de Políticas Públicas voltadas para o enfrentamento a estas violências, temos como grandes marcos a Lei Maria da Penha (2006) e a Lei do Feminicídio (2015), ou seja, a menos de duas décadas os casos de violência doméstica ainda eram entendidos como “Crimes de Menor Potencial Ofensivo”. Foi a partir da luta do movimento feminista que o entendimento de que a violência doméstica carrega particularidades, como a existência de ciclos, e o não auto reconhecimento/percepção da vítima passou a permear as políticas públicas. A questão do feminicídio é ainda mais recente: a menos de uma década sequer temos dados precisos sobre este tipo de crime, pois antes de 2015 o entendimento de que a maior parte dos assassinatos de mulheres eram motivados pelo ódio ao simples fato de ser mulher e não como “crimes passionais” era exclusividade do movimento social.
Mesmo com estes marcos importantes, ainda é recorrente casos públicos e anônimos de violência. Recentemente todos puderam acompanhar o caso da influenciadora Mari Ferrer, que foi vítima de violência sexual e ao denunciar seu agressor, foi novamente vitimada pela cultura do estupro, sofrendo um linchamento público e sendo responsabilizada (inclusive pela justiça) pela violência que sofreu. André Aranha, empresário branco e rico, foi absolvido, mesmo diante da indignação de milhares de mulheres por todo o país que se rebelaram em solidariedade a Mari Ferrer e contra a cultura do estupro.
A violência contra as mulheres não é exclusividade do nosso tempo, mas sem dúvida a crise aprofundada pela pandemia, que fez despencar as condições de vida das mulheres e interrompeu os laços sociais que em grande medida davam as condições para a mulher romper com o ciclo de violência, deixaram a situação ainda mais dramática. Dados de 2021 do Fórum Brasileiro de Segurança Pública apontam que uma em cada quatro mulheres foi vítima de algum tipo de violência durante a Pandemia, sendo que destas apenas 23% eram brancas e 52,9% eram negras. Tal proporção se mantém semelhante quando tratamos especificamente de algum tipo de violência, evidenciando que também o racismo está emaranhado em todas as nossas relações.
Da mesma forma que há muito tempo as mulheres são alvo da violência de gênero, também há muito tempo nos organizamos e lutamos pela sobrevivência, ocupamos espaço e seguimos resistindo. Vale destacar que tivemos grandes levantes feministas nos últimos anos, da primavera feminista protagonizado pelas mulheres jovens, dos levantes das mulheres periféricas contra a violência do estado e pela vida de seus filhos e a grande revolta das mulheres em torno do movimento “Ele Não” e pelo “Fora Bolsonaro”, pois já sabíamos que as primeiras a sofrer com todos os retrocessos que representaram este governo genocida seriamos Nós mulheres.
Esse manifesto é mais um grito! Somos mulheres indignadas e mobilizadas contra essa realidade, entendemos que cada avanço nas Políticas Públicas ou na consciência coletiva foi fruto da luta daquelas que vieram antes de nós, e que para superarmos a profunda desigualdade em que as mulheres vivem precisamos estar vivas.
A Campanha “Por Todas Nós! Mulheres Pelo Fim da Violência” tem início com este manifesto, mas contará também com uma série de ações de fortalecimento das mulheres, cartilhas informativas, luta por políticas públicas e contra este governo, que a cada dia mais se consolida como o inimigo número um das mulheres.
Junte-se a nós nessa luta, assine o manifesto e entre em contato para organizar um núcleo na sua cidade, região, bairro, escola, Universidade ou local de trabalho.